A EVOLUÇÃO DOS LIVROS SAGRADOS: DO ROLO AO CÓDICE



Reginaldo Jose
Graduado em História pela faculdade SABERES/ES

As mais antigas historias do judaísmo e de outras civilizações do antigo oriente, narradas pelos escritores sacros, começaram a serem escritas há cerca de 3000 anos. Esses escritos se caracterizaram por terem sido a bússola das duas maiores religiões monoteístas do planeta, cristianismo e judaísmo. São textos dos quais os escritores descrevem a relação do povo com a/as divindade (s) e com o semelhante.

Nos escritos sagrados, judaico-cristão, encontra se, Leis, princípios morais, a historia do povo Israelita e sua relação com outras nações. A coletânea de livros Judeu, foi também a base da constituição da antiga civilização hebreia. Literalmente, a escritura do antigo testamento, constituí se em um conjunto de fatos, que narra à história da nação de Israel, seus costumes e suas tradições. Essa coleção de livros demorou cerca de mil anos para ser elaborada. Foram escritos de acordo com o desenrolar da historia, acompanhando a evolução do povo. 

Os documentos foram reunidos pouco a pouco e transformados em livros. Os fatos Foram encontrados em épocas e lugares distintos. Algumas vezes as narrativas se casavam outras não. O leitor das escrituras não pode pensar que a bíblia que ele tem hoje em mãos foi produzida de uma só vez ou que os livros foram encontrados intactos. 

Na verdade, os primeiros livros tinham o formato de rolo. E não foram feitos de celulose, mas, de um tipo de junco por nome de papiros, Planta aquática muito comum no Egito. Como salienta GRAVES (2004): 
“há milhares de anos, no Egito, não havia papel como nós conhecemos. Em lugar do nosso papel usava se o papiro um tipo de papel feito de plantas altas chamadas papiro, que crescia nos pântanos. Os caules longos e grossos eram fibrosos por dentro. Esses caules podiam ser cortados de comprido em tiras bem finas. As tiras podiam ser alinhadas no mesmo sentido para se fazer uma folha então outras folhas eram colocadas por cima, em outro sentido. então a folha podia ser prensada e batida para se fazer papel resistente. ”
Posteriormente, os rolos passaram a serem produzido com um outro tipo de material, e passaram a ser denominados de pergaminhos. Que segundo GRAVES, era: o couro de animais curtidos e preparados para a escrita, especificamente couro de bezerro e de carneiro, também era conhecido por velino.”

Os primeiros rolos foram escritos originalmente em “Hebraico”, a língua do povo Judeu e também do moderno estado de Israel, chamada de língua santa, desde os tempos antigos. De acordo com algumas tradições, judaica, o hebraico foi o idioma da criação e a única falada antes da dispersão causada após a torre de babel. 

A revelação do antigo testamento foi progressiva ao longo da historia de Israel, alguns escritores se apropriaram de documentos da época, com o objetivo de construírem suas narrativas, lançaram mão da tradição escrita como fonte, que foram, registros em forma de inscrições, cartas, letras de canções, livros, etc. Como afirma GRAVES: “No tempo do antigo testamento pessoas escreviam sobre pedacinhos de cerâmica quebrada ou sobre tabletes de argilas para registrarem breves anotações e mensagens”. ( GRAVES, 2004). Moisés um dos escritores sacros, sinaliza ter recorrido a documentos escritos anteriores ao pentateuco, ele afirma: “pelo que se diz no livro das guerras do senhor:...” (Nm 21.14). obra ate então desconhecida. Outro autor que também faz menção de fonte documental no Antigo Testamento, é Josué, ele disse: “Então Josué falou ao senhor [...] e o sol se deteve, e a lua parou até que o povo se vingou de seus inimigos. Isto não está escrito no livro do Reto.” ( Josué 10.12,13)

Outros missivistas se apropriaram de narrativas da tradição oral, que constitui as fontes não escritas. Como afirma SOARES: “Os fatos ocorridos antes do aparecimento da escrita. A tradição oral foi usada quando os escritores sagrados ouviram relatos de outras pessoas. Os escritores sacros recorreram a fatos do dia-a-dia na revelação, que foi gradativa ao longo da história. Depois providenciaram o registro desses fatos”. ( SOARES, 2003, P.19) . Outro pesquisador que afirma a ocorrência da tradição oral das escrituras é GRAVES: “em tempos antigos era comum à tradição de se contar historia. Pais contavam aos filhos às historias que estes tinham escutados de seus pais, e assim se fazia por muitas gerações.” ( GRAVES, 2004)

Também, há aqueles que constituíram suas narrativas históricas em tempo real, a medida que iam acontecendo. esses viveram o que escreveram. Os missivistas sacro utilizaram variam fontes; escritas e não escritas.

GRAVES (2004):
“A maior parte do antigo testamento foi escrita por testemunhas oculares. (...) A escrita cuneiforme era originaria da Mesopotâmia e produzida em tabletes de barro. Em alguns casos foram documentos originais usados na redação do texto sagrado. (...) esses documentos foram introduzidos no texto sagrado pelo autor inspirado, que provavelmente compilou desse tabletes os documentos que compõe o livro de Genesis.”
Os rolos foram escritos em aramaico, dialeto que ficou entre o hebraico idioma dos judeus nativos de Israel e o Grego, Língua helênica falada em quase todo mundo habitável, conquistado por Alexandre o Grande. Os judeus experimentaram 70 anos de cativeiro, sobre o regime da babilônia. Nesse tempo os cativos que nasceram na babilônia, aprenderam a falar um novo idioma, conhecido como aramaico, uma mistura do hebraico com o caldaico. Em que foi escrito os livros pós-cativeiro. 

Já o novo testamento foi escrito em grego. o idioma falado pelos povos no tempo de Jesus. Apesar dos Romanos serem imperadores. Lembrando, a linguagem do novo testamento era o que se chama de idioma popular ou grego koiné (vulgar). 

Os códices de pergaminho datam do início da Era Cristã e não eram projetados com o intuito de serem portáteis, contudo, ainda se usavam rolos para escritos importantes, mas, na escrita do dia a dia, usavam-se folhas de material de escrita. As folhas eram dobradas ao meio e costuradas no centro. O livrete era chamado de códice. Os primeiros cristãos usavam os livretes para fazer copia da historia de Jesus e das cartas de recebidas de pessoas como Paulo, que eram especiais para eles.” 

Já o papel, invenção chinesa datada de aproximadamente 100 d.C., chegou à Europa por intermédio dos árabes por volta do século IX. Apesar de já ser conhecido, passou a ser mais amplamente utilizado a partir do século XIV. A utilização do papel deu-se pela dispersão, no século XV, de fábricas pela Europa. O pergaminho, nesta época, apresentava preço pouco acessível. 

Para a confecção do códice, o pergaminho era cortado em formato padronizado, os fólios eram atados em conjunto por um lado e formavam os cadernos que, reunidos, formavam o livro, de modo similar ao utilizado hoje. Geralmente, na primeira página de cada um dos cadernos havia uma “assinatura”, que até hoje é usada para indicar onde deve ser feita a dobra e as margens de cada uma das folhas para uma posterior organização dos cadernos para que, finalmente, se 4 coloque a capa do livro. A assinatura é ou um número ou uma letra, ou ainda, um número e uma letra juntos. Vejamos as gravuras abaixo: 



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